terça-feira, 28 de julho de 2009

Correspondência internacional de assuntos relevantes ou da opinião própria?

Não sei porquê eu continuo dando ibope pro Seth Kugel... Só de pensar nele fico irritada. Tá vou explicar.

Seth Kugel é um jornalista americano, correspondente internacional do Globalpost, um site americano de cobertura internacional. Ele reside em SP, de onde escreve suas matérias sobre o Brasil para o site. Seth era colunista do New York Times, caderno de turismo, onde escrevia a coluna "Fim de semana em NY". Tá, escrever para o NYT é algo grande, mas cobrir o que fazer no final de semana na "big apple" até estudante faria bem. Não sei se isso já é implicância minha, mas é que ele me irrita!

Qualquer estudante de jornalismo aprende desde o primeiro período que em suas matérias não deve haver opinião própria. E o que tem me irritado nas matérias do Seth é justamente esse seu lado opinativo quando esccreve sobre o Brasil. Afinal, ele mora no país, e deveria ter ao menos um pouco de respeito, pelo menos à pesquisa histórica e cultural, que ao meu ver, é a base da correspondência internacional. Não sei se estou falando bobagem (foi mal aí aos jornalistas e professores), mas para cobrir assuntos de um país um país você deve ao menos saber sobre sua cultura e história. Se não sabe, comprometa-se com a pesquisa antes de escrever.

No vídeo em que o presidente do Globalpost se pronuncia sobre o início e o porquê do site, ele fala sobre cobrir assuntos relevantes ao redor do mundo que não tem tido espaço nos jornais e por isso os americanos desconhecem. As matérias do Kugel no globalpost não me parecem em nada com isso. Relacionamento entre turistas estrangeiros com brasileiras, falta de estudo do Presidente da república, Inglês mal falado pelos brasileiros, falta de aquecedor nas casas e lojas. Seriam esses assuntos os de relevância internacional? Faça me um favor!

Talvez eu não esteja sendo clara. Em uma de suas matérias ele escreve: Cuidado ao pedir um Cheese Burguer no Brasil porque você receberá um sanduíche com alface, tomate e vários outros vegetais. Diz que brasileiro tem um péssimo inglês e que além de deturpar o significado das palavras (porque cheese Burguer americano é carne e queijo somente), ainda escreve errado. Isso falando sobre o "X-burguer". Ahhhh Come on! O pior é que em entrevista ao Programa do Jô ele disse que o brasileiro é "muito bonitinho" falando inglês. Seja coerente ao menos.

Por falar nessa entrevista, ele já começou dizendo que acha muito estranho o nosso beijo. Tanto entre amigos quanto o beijo na boca. Segundo ele, é muito difícil homens conseguirem beijo na boca nos EUA. Tá, eles podem até demorar até se beijarem, mas em compensação quase fazem sexo na pista de dança da boate sem ao menos perguntar o nome da menina. É estranho a diferença cultural, sim é! Eu, por exemplo, não gosto de dançar na boate com ninguém, é muito diferente do "nosso jeito". Mas, por favor, não vamos criticar, né? Vamos aprender com as diferenças e relatar o que é importante! (Em meados do século dezoito o conceito de cultura surgiu da cabeça de Johann Gottfried Herder preparado para as batalhas em que tem estado envolvido desde então. Kultur, para Herder, é o sangue vital de um povo, a corrente de energia moral que mantém a sociedade intacta. Zivilisation, em contraste, é a sofisticação nas maneiras e o saber-fazer técnico e legal. As nações podem partilhar uma civilização, mas serão sempre distintas na sua cultura, uma vez que a cultura define o que elas são.

A outra que me irritou muito foi quando ele resolveu reclamar sobre a falta de aquecedor central nas lojas e nas casas em SP. Por favor, alguém diz pra ele que o Brasil é um país tropical!

Tá vou parar por aqui. Isso foi meio que um desabafo! É muito ruim você ouvir falar mal do seu país, principalmente quando a pessoa está desfrutando dele e você não. Pior ainda quando isso vem de uma pessoa que ocupa a posição profissional que você almeja (correspondente internacional) Se isso for ser correspondente não sei mais o que quero ser.

Ai, ai... deixa pra lá!

2 comentários:

Ovidio Mota disse...

Querida Juliana.
Bravo!
Adorei ler teu desabafo. Dizia o Forrester que escreve-se primeiro com o coração, depois revisa-se com a razão. Tua indignação produziu um bom texto. Quanto ao jornalismo não ter opinião, vale a pena lembrar dos devotos do jornalismo gonzo ou do new jornalism do Hunter Thompson e do próprio Gay Talese (que esteve há pouco na Flip, em Paraty)ou do Sr. Capote. Por outro lado, o que não pode ser esquecido é que mesmo no gonzo jornalismo, permanece o respeito aos fatos, à descrição do que foi testemunhado. De qualquer modo, a contundência da tua crítica vai bem além disso. O que há no colunista, conforme descrito por ti, é puro preconceito ou má vontade. Embora seja verdade que os pratos de borboleta do Cristo Redentor e o assédio aos turistas em Copacabana não me orgulhem nem um pouco. Sobra meu orgulho por cuidar do Curso de Jornalismo onde você já estudou. Parabéns. Quero ler-te mais.

Lila disse...

Amei! Gosto muito de ler sobre VC.. Sinto saudades. Aquele meu blog também precisa de mudançasd..rs Vamos em frente, repaginando total ne JU? Saudaadeee amiga!!